Apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, a fome ainda é um grande problema no Brasil: estima-se que mais de sete milhões de cidadãos não ingerem as calorias necessárias para manter o corpo saudável.
Paradoxalmente, a produção de alimentos no país é mais do que suficiente para que todos os cidadãos tenham uma dieta balanceada.
Um estudo, feito pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), revelou que o mercado produz 20% de calorias extras em relação ao necessário para alimentar toda a população.
Só em termos de proteínas, como a carne, o excedente atinge impressionantes 60%.
Isso significa que é preciso repensar o setor alimentício em todas as suas esferas: de produtores a consumidores, passando por toda e qualquer empresa distribuidora de alimentos que se dedique à logística do ramo.
O desafio é que, quando o assunto é o transporte e alimentos, há muitos desafios a serem cumpridos para que o produto chegue a seu destino fresco e a um preço acessível.
Confira, a seguir, algumas curiosidades a respeito deste segmento:
Muitos alimentos são perdidos no transporte
O desperdício de alimentos perfeitamente adequados para o consumo é um dos vilões por trás do paradoxo entre a quantidade de comida produzida e o número de pessoas que passa fome.
A cada etapa do processo logístico que leva a comida aos supermercados e outros estabelecimentos, perde-se um pouco.
No caso de fornecedores de alimentos para restaurantes, por exemplo, as perdas podem acontecer por conta de alimentos que caem das caixas e têm a higiene comprometida.
Ovos que se quebram e, até mesmo, por perdas no transporte rodoviário, como grãos de farinha que escapam de seus recipientes.
Pode parecer pouco, mas, quando tudo isso é somado, o resultado pode ser surpreendente: estima-se que 50% das perdas de alimentos adequados para o consumo aconteçam nesta etapa da cadeia logística.
Para solucionar o problema, cabe aos fornecedores de alimentos para lanchonetes, bem como às demais empresas do ramo, desenvolver embalagens personalizadas, que evitem vazamentos e sejam adequados aos aspectos físicos do produto.
Além disso, é importante que haja uma melhor integração entre fornecedores e clientes, de modo a padronizar as operações e reduzir as perdas.
Há legislação específica sobre o transporte
O condicionamento de alimentos é questão de saúde pública.
Por conta disso, várias instituições do Estado são encarregadas de editar normas a respeito disso, bem como de fiscalizar seu cumprimento.
A mais conhecida delas é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): caso uma distribuidora de alimentos para lanchonete, ela tem poder para autuá-la ou, dependendo do risco, fechar temporariamente a empresa.
Entretanto, este poder não é arbitrário. O agente que representa a autarquia só pode aplicar sanções previstas na legislação específica da área.
Algumas destas normas são:
- Portaria nº 326/1997, do Ministério da Saúde;
- Portaria nº 1.428/1993, também do Ministério da Saúde;
- RDC nº 275/2002, da Anvisa;
- RDC nº 275/2002, da Anvisa;
- RDC nº 43/2015, da Anvisa;
- Lei nº 8.080/1990, que estabelece as competências do SUS;
- Resoluções suplementares específicas dos estados.
O transporte de congelados exige cuidados especiais
Os distribuidores de alimentos congelados precisam tomar algumas precauções especiais em seus serviços.
Isto porque a condição particular de seu produto exige alguns cuidados mais específicos.
Como é de se esperar, o principal deles é a temperatura: a Anvisa determina que estes gêneros alimentícios sejam mantidos a -18ºC durante toda a etapa do transporte.
Há uma tolerância para breves intervalos em temperaturas mais quentes, desde que ela não ultrapasse -15ºC.
Do contrário, pode haver a proliferação de bactérias, o que pode causar problemas de saúde nos consumidores.
Vários órgãos públicos se ocupam da regulamentação
Apesar da Anvisa ser o órgão público mais conhecido na fiscalização da distribuição de alimentos, ela não é a única instituição que se ocupa disso.
Também têm o poder de fiscalização e edição de normas:
- SUS;
- Ministério da Saúde;
- Embrapa;
- Governos estaduais.
O modal viário não é o único que pode ser usado
Uma distribuidora de alimentos food service tende a depender muito do transporte rodoviário para escoar e receber produtos.
Entretanto, a má qualidade das estradas no Brasil, bem como as longas distâncias entre as localidades, podem prejudicar a qualidade dos produtos na chegada.
Por conta disso, também é interessante investir em modais mais rápidos e modernos, como o aéreo: boa parte das companhias comerciais também prestam esse serviço, além do transporte de passageiros.
Contudo, cada uma tem suas regras e requisitos, que devem ser verificados antes da contratação do frete.